A Fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica, caracterizada principalmente por dor musculoesquelética generalizada (dor no corpo todo) e fadiga (cansaço).
Fibromialgia – problema frequente na prática clínica
É uma condição bem frequente, afetando de 0,2 a 5% da população geral mundial. No Brasil, a prevalência é de 2,0 a 2,5%, de acordo com estudos populacionais baseados em entrevistas.
A Fibromialgia acomete mais mulheres, com idade de incidência variando entre 25 e 65 anos. Pacientes com doenças crônicas têm uma prevalência maior de Fibromialgia associada do que a população geral.
Quem trata pacientes com Fibromialgia?
O Reumatologista é o médico que se dedica ao cuidado desses pacientes. Meu nome é Raquel Guimarães, fiz Residência de Reumatologia no Hospital das Clínicas da UFMG e há mais de 10 anos acompanho casos como esses. Buscando melhorar a experiência dos meus clientes, fiz pós-graduação em Psiquiatria recentemente. Acredito que é necessário cuidar do corpo e da alma para garantir o bem-estar pleno.
Achados biológicos e psicológicos da doença
Pode-se entender a Fibromialgia como uma síndrome de sensibilização central. Nesses indivíduos, há uma resposta anormal e inadequada do Sistema Nervoso Central (SNC) aos estímulos periféricos, resultando em dor inadequadamente amplificada. O que se observa na prática é uma sensibilidade aumentada a estímulos dolorosos, bem como a outros estímulos aparentemente “inocentes”, como mudanças de temperatura externa, estimulação elétrica da pele e mesmo sinais auditivos. É comum o relato de dor ao ser tocado, ainda que de forma delicada.
O fenômeno de sensibilização do SNC inicia-se já na infância e adolescência e apresenta um forte componente genético. O risco relativo de um familiar de primeiro grau de um paciente com Fibromialgia apresentar o mesmo quadro chega a 8,5. Outras condições que cursam com sensibilização do SNC também são herdadas em conjunto com a Fibromialgia, como a Síndrome do Intestino Irritável e a cefaleia (dor de cabeça).
Pacientes com Fibromialgia apresentam maior prevalência de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de estresse pós-traumático. Embora aspectos psicológicos, comportamentais e sociais participem da clínica da Fibromialgia, a doença não deve ser considerada psicossomática (“psicológica”).
Sintomas mais comuns da Fibromialgia
O principal sintoma da Fibromialgia é a dor difusa e crônica (duração maior que 3 meses). O caráter da dor é bastante variável, podendo ser em queimação, pontada ou peso. Em geral, os pacientes se sentem pior pela manhã, mas a dor e o cansaço persistem durante todo o dia. A dor geralmente é citada como sendo de moderada a forte intensidade e pode estar associada a uma sensação subjetiva de inchaço e dormência.
Alguns sintomas são muito prevalentes na FM e foram incluídos nos critérios diagnósticos:
- sono leve e não reparador (a pessoa acorda cansada, com a sensação de que não dormiu)
- fadiga
- déficits de memória
- dificuldade de concentração
- alterações do humor
- cefaleia (dor de cabeça)
- dor abdominal
Fibromialgia – aposentadoria / afastamento do trabalho
Na FM há um comprometimento do estado de saúde, da capacidade para o trabalho e da qualidade de vida, aumentando a incapacidade e/ou afastamento do trabalho, reduzindo a produtividade. Não se trata porém de uma condição deformante, progressiva ou que leve à morte.
Não é comum o paciente ser considerado inválido ou vir a aposentar por causa dessa doença.
Como fazer o diagnóstico?
O diagnóstico da FM é essencialmente clínico! Não há marcadores laboratoriais ou achados de exames de imagem que sejam típicos dessa condição. Deve-se levar em consideração as queixas do paciente e as alterações do exame físico. Pode ser necessária investigação adicional para descartar outras doenças e avaliar possíveis efeitos colaterais dos medicamentos prescritos.
Tratamento da Fibromialgia
O tratamento deve associar estratégias medicamentosas e não medicamentosas, numa abordagem multiprofissional e com participação ativa do paciente. É possível a pessoa ficar sem dor ou com dor em um nível muito baixo!
Entre as medidas não farmacológicas destacam-se a educação em saúde, a prática regular de exercícios físicos e a psicoterapia.
A acupuntura tem sido utilizada para tratamento de dor crônica há muitos séculos, porém sem evidências científicas fortes. Ainda não há consenso sobre sua utilidade e ação terapêutica na Fibomialgia.
Os medicamentos mais estudados para o tratamento são os antidepressivos. Há também estudos mostrando eficácia da pregabalina. Podem ser usados indutores do sono, relaxantes musculares e analgésicos para melhora dos sintomas.
Por não se tratar de uma síndrome inflamatória, deve-se evitar o uso de anti-inflamatórios e corticoides.
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Fui diagnosticada a cerca de 13 anos com fibromialgia
Passei por inúmero médicos e exames.
Suspeitaram de Lúpus e dermatites diversas.
Durante muitos anos, antes do diagnóstico, tinha muitos episódios de queimação, vermelhidão e inchaços no corpo.
Após o diagnóstico, a saga continuou: psiquiatras, teste com vários medicamentos, acupuntura, clínica da dor, fisioterapia, pilates, hidroginástica, hidroterapia, vários atestados no trabalho, desconfiança e deboche de colegas de trabalho e pessoas próximas.
Tenho 57 anos, hipertensa, diabética, depressiva, algumas cirurgias, muito cansaço e com a companhia inseparável da dor.
Agradeço pela empatia em seu atendimento.
Agradeço a confiança no meu trabalho. Espero te ajudar a ter uma qualidade de vida melhor!
Sou Profissional de Educação Física e trato com a Dra Raquel há anos! Lendo o artigo dela percebi que desde criança sempre tive sensibilidade a barulho, luzes, frio, cólicas agora consegui linkar que a fibromialgia já estava lá, só esperando um momento para desabrochar!
Na fase adulta procurei a Dra porque tudo isso estava exacerbado, havia meses que não dormia direito, devido a dor no corpo muito forte.
Percebi que as crises pioram quando aumentam o stress psicológico e / ou físico. Estou passando por adaptações e testes com medicamento e experimentando dores articulares nas mãos, pés, joelhos e cotovelos, com sensação de inchaço, choque e queimação. Cheguei a achar que estava com artrite, mas a Dra. por exames de sangue descartou essa hipótese.
Notei que quando faço exercícios físicos como a musculação e inicia a queimação muscular (o chamado acumulo de acido lático) é o momento de parar, descansar um pouco e logo depois iniciar nova série, pois se eu persistir, no dia seguinte as dores aumentam. Logo, exercício tem dose certa!! Tem que saber o que esta fazendo ou tem que ter um profissional bem preparado para prescrever o treino!!
Eu inicio o treino com alongamentos por volta 15 a 20 minutos para ganhar mobilidade articular e analgesia, depois vou para os exercícios de musculação, faço um exercício para a parte superior do corpo e próximo com a parte inferior, sempre por volta de 10 exercícios, 2 a 3 séries, de 8 a 12 repetições, com grandes grupos musculares, no fim faço o aeróbico com intensidade moderada a um pouco difícil, para aumentar os hormônios Serotonina e dopamina que trazem de sensação de bem estar, mas sempre respeitando o limites de dor!
Noto que treinando assim e fazendo 1 sessão de massagem com massoterapeuta ajuda bastante, elas são fontes paliativas para amenizar as dores.
Assim vou me tratando com ajuda da Dra Raquel, meus conhecimentos da Educação Física, psiquiatria e psicologia.
Obrigada por compartilhar sua experiência conosco. Acompanho seu caso há bastante tempo e sei o quão impactantes são os sintomas. Espero que os ajustes nos medicamentos surtam efeito em breve.