O que significa FAN?
O FAN (fator antinuclear) é um autoanticorpo (anticorpo com potencial de agredir o próprio indivíduo) detectado no sangue a partir de um exame de chamado imunofluorescência. O nome mais apropriado seria fator anticelular, uma vez que ele detecta anticorpos contra outras partes da célula que não o núcleo.
Só para se ter uma ideia da complexidade de analisar esse exame, existe Consenso Brasileiro de FAN e ele já está na sua quinta revisão.
Quando pedir um FAN?
Assim como outros testes laboratoriais, o FAN deve ser solicitado sempre que existir a suspeita de doença autoimune, principalmente de origem reumática. Não tem sentido fazer esse exame em check-up!
Ele ajuda a confirmar ou excluir uma suspeita diagnóstica, mas deve ser interpretado em conjunto com alterações clínicas e outros achados laboratoriais. FAN positivo não necessariamente significa doença.
Outra informação importante é a de que esse exame ajuda no diagnóstico, mas não é usado para acompanhamento de pacientes com reumatismo. Trocando em miúdos, na maioria absoluta dos casos, não é necessário repetir esse teste de tempos em tempos. Se ele esteve positivo e depois negativou, não quer dizer que o paciente melhorou. Da mesma forma, se a quantidade detectada aumentou, não significa piora.
Meu FAN é positivo. E agora?
O Reumatologista é o profissional indicado para orientá-lo diante de um resultado alterado. Ele vai analisar dados clínicos e laboratoriais e pedir exames adicionais pertinentes.
Comumente, nós especialistas solicitamos o fracionamento do FAN – pesquisa de outros autoanticorpos para investigar se há indícios de doença subjacente.
Atuo nessa área há 10 anos e é raro o dia em que não recebo paciente encaminhado de outros colegas para investigar reumatismo por causa desse exame positivo. Felizmente, boa parte dos casos são saudáveis e esse exame é um achado ocasional. Na dúvida, busque orientação médica!
Como interpretar um resultado positivo?
Diante de um resultado positivo, algumas variáveis devem ser consideradas.
- O paciente tem queixas sugestivas de doença autoimune reumática (febre sem explicação, emagrecimento, lesões na boca e/ou genitais, feridas na pele e/ou couro cabeludo, alterações urinárias, dor e/ou inchaço nas articulações)?
- Está em tratamento ou já tem diagnóstico de alguma doença autoimune (LES, Sjogren, Esclerose Sistêmica, Hashimoto, vitiligo, anemia perniciosa)?
- Apresenta outras alterações laboratoriais (células de defesa diminuídas, anemia, plaquetas baixas, exame de urina com sangue ou proteína, sorologias positivas para doenças infecciosas)?
- Existem casos de doença autoimune na família?
Ao analisar o resultado positivo, três informações são importantes: título (quantidade de autoanticorpos detectáveis), padrão e partes da célula reagentes.
Sabemos que quanto mais alto o título (1/320, 1/640), maior a chance do resultado positivo ser clinicamente relevante.
Alguns padrões (nuclear homogêneo, nuclear pontilhado grosso) aumentam a suspeita de doença reumática autoimune, enquanto outros (nuclear pontilhado fino denso) são frequentemente encontrados em pessoas saudáveis.
A identificação de um núcleo reagente merece investigação adicional.
O teste IFI-HEp-2 (imunofluorescência em células HEp-2) é extremamente sensível e pode detectar autoanticorpos em uma significativa parcela de indivíduos aparentemente saudáveis, bem como em pacientes com doenças não autoimunes. No Brasil, as estimativas situam a prevalência de IFI-HEp-2 positivo em 13% da população geral e alguns estudos mostram frequência ainda maior em pacientes com doenças não autoimune. Em ambos os casos, não se trata de um teste falso-positivo, pois os autoanticorpos estão de fato presentes, já que uma parcela da população, saudável ou não, apresenta autoanticorpos circulantes.
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