A artrose (ou osteoartrite) é o tipo mais comum de reumatismo. A doença é caracterizada pela perda lenta e progressiva da cartilagem que recobre os ossos, levando ao comprometido da articulação como um todo. Isso gera inflamação local e, consequentemente, dor, inchaço, perda ou redução de mobilidade e até deformidades.
Quem trata artrose?
A artrose é motivo frequente de consulta com o Reumatologista. Cabe a ele orientar a proteção articular, programar o tratamento com medicamentos e identificar possíveis fatores de piora clínica.
Recebo diariamente pacientes com esse perfil no meu consultório! Sei o quanto a doença pode impactar na qualidade de vida deles e, por isso, busco garantir que tenham o melhor tratamento possível. Quanto mais precoce for o diagnóstico e quanto maior for a adesão às medidas comportamentais (atividade física, perda de peso, fortalecimento muscular, adequação de postura / calçado), melhor tende a ser o desfecho.
Por se tratar de uma doença crônica, é sempre indicado um seguimento multidisciplinar. Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Ortopedia trabalham em parceira conosco e ajudam a aliviar a dor e a garantir funcionalidade e independência aos pacientes.
Como sei se tenho artrose?
Em geral, a primeira queixa dos pacientes com osteoartrite (OA) é dor, principalmente após a movimentação. Exemplos clássicos são dor nos joelhos após caminhadas mais longas ou muito tempo de pé, dor nas mãos ao lavar roupas / louças, desconforto na coluna depois de muito tempo sentado.
Num segundo momento, a pessoa pode notar inchaço, estalos (crepitações), calor, vermelhidão ou deformidades nas juntas.
Nos casos mais graves, a dor pode ser contínua e determinar limitação importante da mobilidade.
Como é feito o diagnóstico da artrose?
Na maioria dos casos, o relato do paciente associado a achados do exame físico são suficientes para o médico chegar ao diagnóstico. Quando se suspeita de outra doença ou quando o quadro clínico não está muito bem definido, podemos lançar mão de exames laboratoriais e de imagem.
Não esperamos encontrar exames de sangue alterados num paciente com artrose! Por outro lado, radiografias, tomografias, ressonâncias e ultrassonografias frequentemente mostram algum grau de dano articular. O espaço entre os ossos pode estar reduzido, são comuns os ostéofitos (famosos “bicos de papagaio”) e podemos notar o que os Radiologistas definem como esclerose subcondral (o osso logo abaixo da cartilagem fica mais evidente, como se reagisse às agressões externas).
Artrose é doença de velho?
Embora a prevalência da doença aumente consideravelmente nos pacientes idosos, ela pode acometer indivíduos de todas as idades.
Pessoas com deformidades ósseas congênitas, atletas com histórico de repetidas lesões e pacientes com outras doenças que afetam as juntas (Artrite Reumatoide, Gota, Lúpus, Artrite Psoriásica, Espondiloartrite e Condrocalcinose) podem desenvolver artrose ainda jovens.
Articulações acometidas
A osteoartrite (OA) pode afetar várias articulações, isoladamente ou ao mesmo tempo. As juntas mais frequentemente acometidas, além de quadril e joelho, são as das mãos, com predileção pelas interfalangeanas distais e proximais e da base do polegar, coluna cervical e lombar, ombros e as primeiras metatarsofalangeanas (joanetes).
Fatores de risco
Há agregação familiar na artrose de mãos e joelhos, sugerindo fator genético. Lesão articular associada a esforço, dano ao menisco, trauma prévio, lesão de ligamento e malformações favorecem o desenvolvimento da OA. A sarcopenia (perda de massa muscular) e a sobrecarga articular em função do sobrepeso / obesidade também são fatores de risco.
Parece artrose, mas não é…
Os diagnósticos diferenciais da OA incluem tendinites, bursites, fraturas, lesões musculares, depósitos de cristais (Gota, Condrocalcinose), doenças inflamatórias sistêmicas (Lúpus, Artrite Reumatoide, Artrite Psoriásica) e até mesmo tumores. Sempre que notar algo diferente na articulação, principalmente se o quadro for mais persistente, a pessoa deve procurar o médico!
Tratamento
Os objetivos incluem alívio sintomático e melhora da mobilidade, uma vez que ainda não existem estratégias que impeçam a progressão do dano estrutural à junta.
O primeiro e mais importante passo é orientar o paciente! Ele deve ser incentivado a ter um peso adequado, fazer exercícios físicos para fortalecer a musculatura e melhorar o alinhamento articular, evitar posturas viciosas, adequar suas tarefas do dia a dia de forma a impor menos sobrecarga às suas articulações.
Exemplos de proteção articular:
- evitar carregar sacolas pesadas nas mãos (é melhor usar mochilas ou colocar as sacolas nos antebraços)
- usar máquinas para lavar / torcer roupas
- colocar os objetos de uso mais frequente numa altura em que não seja necessário agachar ou elevar os braços para alcançá-los
- preferir tênis ou sapatos com salto baixo a rasteirinhas
- usar bengalas ou andadores sempre que necessário
- elevar assentos de sofás, cadeiras e vaso sanitário
- colocar barras de apoio nos banheiros para facilitar o banho e o uso do sanitário
- evitar calçados com cadarço (os modelos em que basta enfiar o pé evitam dobrar os joelhos)
Infelizmente, ainda faltam evidências científicas fortes no que diz respeito ao tratamento medicamentoso da artrose. A maioria dos estudos avaliou paciente com OA de joelhos, dificultando a extrapolação dos resultados para indivíduos com outras articulações acometidas.
Para alívio da dor, podemos usar analgésicos e anti-inflamatórios, idealmente por curto período. Nos casos de artrose localizada, é possível fazer infiltração articular com corticoide ou ácido hialurônico.
Nos casos mais leves ou iniciais, podemos usar “protetores de cartilagem”, como sulfato de glicosamina + condroitina, diacereína e colágeno tipo II.
Quando há nódulos mais inflamados nas mãos, costumamos ter resposta satisfatória a antimaláricos (hidroxicloroquina).
Compressas de gelo e anti-inflamatórios tópicos em geral dão um alívio temporário aos pacientes.
Acupuntura e antidepressivos, sobretudo a duloxetina, parecem ajudar no controle da dor crônica.
Na artrose de mãos, órteses são uma boa opção para melhorar o alinhamento articular e reduzir a dor.
A terapia com melhor resultado na OA de joelhos e quadril é a artroplastia (colocação de próteses), geralmente total, representando o último recurso em pacientes com dor intratável e grande prejuízo da mobilidade.