A Artrite Reumatoide é uma doença inflamatória crônica, progressiva, de origem autoimune (o sistema imunológico agride o próprio indivíduo), que acomete preferencialmente as articulações (juntas).
Os sintomas, geralmente, começam de forma lenta e vão se somando ao longo de semanas a meses. É comum o relato de mal-estar, fadiga e febre baixa no início do quadro.
Acomete de 0,5 a 1,0% da população.
Pode ocorrer em todas as faixas etárias, sendo mais frequente em mulheres de meia idade.
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento da Artrite Reumatoide, podemos citar a história familiar da doença, a exposição a algumas infecções virais e o hábito de fumar.
Como diagnosticar a Artrite Reumatoide?
O diagnóstico da Artrite Reumatoide se baseia no relato de dor articular de ritmo inflamatório (o paciente conta que precisa “esquentar a junta” ou movimentar para se sentir melhor), associado a alterações identificadas ao exame físico, além de achados laboratoriais e radiográficos.
A doença pode acometer qualquer junta. No quadro mais clássico, há inchaço, dor e vermelhidão, principalmente nas pequenas articulações das mãos e punhos. Em geral, o acometimento é poliarticular (mais de 4 articulações estão inflamadas ao mesmo tempo) e simétrico (“dói do mesmo jeito dos 2 lados”). Nos quadros mais graves ou após períodos mais longos de evolução, o paciente pode apresentar deformidades irreversíveis e/ou limitação da mobilidade. Isso tem grande impacto na qualidade de vida e na capacidade para o trabalho dos doentes.
Quem trata Artrite Reumatoide?
Se você tem dor contínua nas mãos, principalmente pela manhã, acompanhada de sensação de rigidez, procure o especialista! Quanto antes o tratamento começar, menores as sequelas a médio e longo prazo. O Reumatologista é o médico indicado para acompanhar esses casos. Meu nome é Raquel Guimarães, fiz Residência de Reumatologia no Hospital das Clínicas da UFMG e tenho mais de 10 anos de experiência nesse tipo de doença. Posso ajudar você nessa jornada!
Manifestações da Artrite Reumatoide em outros órgãos e sistemas
Além do aparelho locomotor, a Artrite Reumatoide pode afetar outras estruturas muito importantes.
- Pele: nódulos reumatoides (nódulos que não doem e são mais comuns na região dos antebraços) e vasculite reumatoide (feridas encontradas geralmente nos MMII) são vistos com frequência.
- Sistema Hematopoiético (sangue / medula): anemia é muito comum. Em casos mais raros (Síndrome de Felty), as plaquetas e as células de defesa podem estar abaixo do valor de referência.
- Pulmões: lesões intersticiais, incluindo fibrose, são vistas em parte considerável dos pacientes. A queixa do paciente pode ser falta de ar ou tosse crônica.
- Olhos: é comum o achado de ceratoconjuntivite seca (“olho seco”), sobretudo nos casos em que há superposição da Síndrome de Sjogren.
Alterações laboratoriais e radiográficas na Artrite Reumatoide
Em relação aos achados laboratoriais, podemos identificar aumento das provas inflamatórias (proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação) e a presença de autoanticorpos.
O fator reumatoide e o anti-CCP (peptídeo citrulinado cítrico) são os autoanticorpos que apresentam melhor perfil de sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de Artrite Reumatoide. Vale lembrar que, isoladamente, não confirmam nem excluem a doença, podendo inclusive ser encontrados em pessoas saudáveis ou com outras doenças crônicas (hepatites, tuberculose, enfisema). Quando em valores elevados, são marcadores de pior evolução. Não servem, entretanto, para monitorar o grau de inflamação. A proteína C reativa e a velocidade de hemossedimentação devem ser usadas com essa finalidade.
Em relação aos achados radiográficos, podemos identificar aumento de partes moles, osteopenia periarticular, cistos e erosões. Esses dois últimos sinais são marcadores de evolução mais grave e, em geral, aparecem alguns anos após o diagnóstico. Recentemente, a ressonância magnética e a ultrassonografia articular com power doppler foram incorporadas à prática clínica com o objetivo de identificar precocemente áreas de dano articular, além de medir com mais precisão a atividade inflamatória da doença.
É de fundamental importância descartar infecções (HIV, hepatites B e C, sífilis e tuberculose) antes de iniciar o tratamento imunossupressor. Esses pacientes também devem ter o cartão de vacinas atualizado.
Durante o tratamento, devemos monitorar hemograma, função de fígado e rins, bem como cálcio e vitamina D (paciente com Artrite Reumatoide tem risco aumentado de desenvolver osteoporose).
Tratamento
Por se tratar de uma doença crônica, em que o próprio organismo se agride, não falamos em cura na Artrite Reumatoide. Os sintomas podem, no entanto, desaparecer com o tratamento, de forma que o paciente não precise mais usar medicamentos. A remissão é possível, mas só costuma acontecer após meses ou anos de tratamento.
O diagnóstico precoce, a educação / orientação do paciente e acesso ao tratamento adequado são de fundamental importância para atingirmos esse objetivo.
O tratamento da Artrite Reumatoide funciona como uma escada. Começamos reduzindo os sintomas, mas o objetivo principal é controlar a doença! A cada degrau, temos opções de drogas mais potentes e com maior efeito sobre a imunidade.
Atualmente, estão disponíveis vários medicamentos para tratar os pacientes com Artrite Reumatoide, muitos delas fornecidos pelo SUS.
O objetivo principal é atingir a remissão ou baixa atividade inflamatória. Há “calculadoras especiais” que permitem medir o grau de inflamação a cada avaliação médica. Quanto menores os índices de atividade da doença, melhor!
Corticoides e anti-inflamatórios podem ser usados para alívio inicial da dor articular, mas são contraindicados para uso crônico. A recomendação é iniciar o quanto antes o que chamamos de MMCDs (medicamentos modificadores do curso da doença).
Há várias classes liberadas para uso nos pacientes com Artrite Reumatoide. Podemos citar: metotrexato, sulfassalazina, leflunomida, hidroxicloroquina, imunobiológicos (adalimumabe, etanercepte, infliximabe, golimumabe, certolizumabe, tocilizumabe, rituximabe e abatacepte) e os inibidores da JAK (upadacitinibe, baricitinibe e tofacitinibe).
Nos casos de acometimento sistêmico, podem ser necessários medicamentos venosos (pulsoterapia) ou outros tipos de drogas orais (azatioprina, por exemplo).
A decisão sobre qual a melhor opção de tratamento deve se basear na experiência do médico assistente, nas orientações das ligas / sociedades de Reumatologia e também no desejo do paciente.
Muito esclarecedoras as informações prestadas pela dra Raquel!
Uma verdadeira aula!!
Parabéns pela competência! Recomendo!! 😊
Obrigada pelo carinho! É um privilégio ter você como colega de profissão!
Achei o texto bem compreensível e informativo. Recomendo.
Obrigada pelo retorno! A proposta é sempre levar conteúdo de qualidade para os pacientes.
Estou em tratamento com vc com suspeita de artrite reumatóide ou lúpus,e sou grata pelo carinho e atenção,por tirar todas as minhas dúvidas e por não esperar a doença se agravar para tratar,mas por ter iniciado o tratamento logo.
Deus abençoe 🙌
O tratamento precoce reduz as chances de deformidades e melhora consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes!
Doutora Raquel excelente especialista, explica muito bem estou em tratamento com ela
Super indico
Agradeço a confiança! O tratamento vai te ajudar a ter uma qualidade de vida bem melhor!